terça-feira, 25 de maio de 2010

PCdoB, PT e PSB apresentam chapa no Maranhão

Integrantes do PT, PSB e PCdoB apresentaram em entrevista coletiva nesta segunda, 24, os integrantes da chapa formada pelos três partidos e que deverá disputar as eleições de outubro. A chapa é encabeçada pelo deputado federal Flávio Dino (PCdoB), que será candidato ao governo do estado. A coligação traz como vice a ex-deputada Terezinha Fernandes (PT) e como candidatos a senador o ex-governador José ReinaldoTavares (PSB) e Bira do Pindaré, indicado pelo PT.
A chapa foi definida durante o segundo encontro de definição de tática eleitoral do partido, ocorrido nos dias 21 e 22 de maio. A atividade faz parte do cumprimento do calendário de atividades estabelecido pela direção nacional do PT e reuniu 89 delegados – dois a mais que a maioria que decidiu pelo apoio a Flávio Dino nos dias 26 e 27 de março.


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PCdoB reitera projeto de governar o Maranhão

Na última sexta-feira, um ofício da direção nacional do PT afirmou que a situação maranhense estaria em pauta na Convenção Nacional do partido, a ser realizada em junho. A pré-candidata Terezinha Fernandes, porém, garantiu a legalidade do ato político realizado no final de semana. “Não estamos de maneira nenhuma confrontando a direção do partido ou o presidente Lula. Estamos cumprindo aquilo que a maioria dos petistas do Maranhão decidiu”, disse ela, lembrando que a coligação representará um palanque forte para a candidatura da ministra petista Dilma Rousseff.

Frente popular

O pré-candidato ao Senado e secretário de formação do PT no Maranhão, Bira do Pindaré, lembrou ainda que a aliança montada entre PT, PCdoB e PSB no Maranhão é a mesma montada em 1989, primeiro ano em que Lula concorreu à Presidência da República, e em 2006, quando o presidente concorreu à reeleição. Para Bira, isso é mais um indício de que os componentes da chapa são aliados históricos. “Temos um compromisso com a democracia e com o povo maranhense, que precisa sair da miséria e do abandono”, disse.

O deputado federal Flávio Dino (PCdoB), que é pré-candidato ao governo do estado, agradeceu o apoio dos partidos aliados e elogiou as escolhas feitas pelo PT e pelo PSB. “Temos candidatos com experiências diferentes, trajetórias diferentes, mas é isso que traz o enriquecimento dessa nossa chapa”, avaliou.

Em seu discurso, Flávio Dino reforçou com os militantes e a imprensa o compromisso de fazer um governo voltado para os interesses dos movimentos sociais e as camadas da população mais pobres, buscando o desenvolvimento do Maranhão, com responsabilidade e sustentabilidade. O pré-candidato também lembrou o Encontro Nacional do PCdoB, ocorrido em São Paulo no último final de semana. Na ocasião, o partido decidiu por unanimidade reforçar o apoio à candidatura de Flávio para o governo.

Flávio Dino também pediu uma salva de palmas para homenagear os três jornalistas maranhenses falecidos na última semana: Jurtivê Macedo, Walter Rodrigues e Telma Borges.

“Camisa não vota”

Vice-presidente do PT do Maranhão, Augusto Lobato disse não acreditar que vá haver intervenção da coordenação nacional na legenda no sentido de revogar o apoio ao PCdoB.

Atualmente o terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, Flávio diz ter certeza que a maior parte do PT, mesmo a parcela nacional da legenda, deseja a sua candidatura. De acordo com as pesquisas de intenção de voto realizadas até o momento, Flávio Dino ocupa o terceiro lugar nas intenções de voto e registrou crescimento de quase 5% no último mês. Ele credita ao rápido crescimento as tentativas de dificultar a sua candidatura. “Já ultrapassou muito a fronteira normal da política e virou quase uma tentativa de coação”, definiu

Flávio Dino relembrou ainda que a aliança construída este ano no Maranhão é idêntica à da última eleição presidencial. “Em 2006, fizemos a mesma aliança e não houve intervenção nem anulação nem nada. Por que agora?”, questionou. E completou, confirmando que seria candidato ao governo mesmo que o apoio do PT não se concretizasse. “Mesmo que fosse forçado o apoio aos nossos adversários, eles levariam só o cartório, isto é, só o tempo de campanha e as camisas. Só que camisa não vota, e os corações estariam com a gente”, concluiu.

Da sucursal do Maranhão

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Estatuto

Mais uma reunião marcou a tarde desta terça-feira ((18), na Secretaria de Educação do Estado (Seduc), no Monte Castelo. É que dirigentes do SINPROESEMMA e comissão de gestores daquela Secretaria, reuniram-se para mais uma rodada de negociação dos pontos considerados divergentes da nova proposta do Estatuto do Educador.

Desta vez, a reunião foi direcionada para a estruturação da carreira. Sobre este assunto a direção do SINPROESEMMA argumentou e defendeu a tese da classe única com uma entrada somente para formação de nível superior.

O governo propõe duas classes (professor 1 e professor 2), onde criam-se subclasses , o que implicaria na manutenção do conceito de promoção que está sendo questionada numa ação direta de inconstitucionalidade.

Esta ação, lembrada no momento pelo presidente do SINPROESEMMA, Júlio Pinheiro, foi votada no último dia 12 (quarta-feira) no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), quando a ministra Carmem Lúcia votou de forma desfavorável alegando inconstitucionalidade da promoção. “Por conta disso, há a necessidade de corrigir esta problemática na nova carreira”, declarou Pinheiro.

Ele revela que ficou acertado na reunião que a assessoria jurídica do SINPROESEMMA e técnicos da administração estadual farão síntese das duas propostas analisando o conceito que a direção do SINPROESEMMA defende.

GESTÃO ESCOLAR
Foi discutida ainda a gestão escolar. Neste quesito, também considerado polêmico, o secretário de Educação do Estado, Anselmo Raposo, acatou no documento eleição direta para diretor de escola, ficando pendente para os próximos encontros a discussão envolvendo critérios e regulamentação relativas a esta eleição.

“Avalio como positivos os últimos encontros. Posso afirmar que está havendo avanço no processo de negociação. Esperamos concluir esta etapa antes do próximo dia 10 de junho”, ressaltou o presidente.

A próxima reunião entre as duas comissões está marcada para o dia 25 deste mês (terça-feira), na sede da Seduc.

Sinproesemma cobra do MP nomeação de excedentes

O presidente do SINPROESEMMA, Júlio Pinheiro, esteve, em companhia do secretário de Comunicação do Sindicato, Júlio Guterres, na sede das Promotorias, na Cohama, nesta terça-feira (18), pela manhã, para juntos cobrarem do promotor de Educação, Paulo Avelar, posicionamento acerca da representação feita pelo SINPROESEMMA, em janeiro passado.

Os dois representantes do SINPROESEMMA conversaram por um longo tempo com o promotor e com a analista ministerial do Ministério Público, Márcia Pachêco sobre a situação da educação do Estado e o descaso com que se encontram as escolas, haja vista, muitas destas encontrarem-se ainda sem funcionamento por falta de professores e de infra-estrutura condizente.

PROTOCOLO
No documento protocolado há quatro meses, a direção questionou a contratação por meio de seletivo de professores, bem como o valor do salário oferecido pelo governo estadual, quantitativo de professores, dentre outras ações consideradas irregulares pela entidade de classe.

De acordo com os dirigentes sindicais, ainda que tenha havido esta iniciativa por parte do Sindicato, nada foi alterado. O governo vem priorizando os seletivados em detrimento dos concursados excedentes.

Durante a conversa o Ministério Público se comprometeu em ingressar com uma ação judicial ainda esta semana no juizado da Fazenda Pública. A intenção, é exigir do governo do Estado (Secretaria de Estado da Educação), a nomeação dos concursados, para, a partir daí, trabalhar com os seletivados.

CONTRATAÇÃO
No entendimento de Júlio Pinheiro, a medida tomada pela entidade classista junto ao MP é uma forma de corrigir o abismo que existe atualmente no estado, quando o assunto é educação. Para ele, contratar seletivados neste momento, só prejudica a política de educação que se tem lutado tanto para ser implementada.

“A direção do SINPROESEMMA entende que é uma necessidade a contração dos excedentes em primeiro lugar. São ao todo 5.320 vagas não preenchidas”, destacou o presidente, ao tempo que revela que, a visita à Promotoria da Educação exige um posicionamento deste, junto ao governo.

Por sua vez, o promotor de Educação, Paulo Avelar, revela que com base na documentação apresentada pelo SINPROESEMMA algumas medidas já estão sendo tomadas. Ele ressalta o mapeamento feito pela sua pasta em todo município de São Luís que tem o objetivo de detectar as irregularidades na parte física das escolas, bem como no próprio conteúdo aplicado nas escolas estaduais. Além disso, o levantamento vai possibilitar ao MP a necessidade de contratação de profissionais em educação.

Segundo o promotor, este trabalho se estenderá por todo o Estado ainda este ano. “A situação da educação no Maranhão é calamitosa. O governo não trata com seriedade ações básicas como educação e saúde”, disse, ao tempo que completa: o que vemos é propaganda enganosa na mídia local”.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

REAÇÃO AO GOLPE NO PT

Sobre o PT do Maranhão - blog de Ed Wilson
terça-feira, 18 de maio de 2010


Petistas de diversas tendências, em São Luís e no interior do Maranhão, organizam uma ofensiva para assegurar o resultado do Encontro de Tática Eleitoral, realizado em março, que definiu a aliança do PT com o PC do B. A tática aprovada assegurou a candidatura do deputado federal Flávio Dino (PC do B) ao Governo do Maranhão, na construção de uma frente reunindo inicialmente petistas, comunistas e o PSB.

Nesta quinta-feira, um grupo de militantes e dirigentes organiza um café-da-manhã com várias lideranças da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB) e vão divulgar um manifesto em defesa das candidaturas de Dilma Roussef e Flavio Dino.

O manifesto terá a assinatura dos presidentes da CUT Nivaldo Araújo; e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaema), Chico Sales.

O editor deste blogue, Ed Wilson Araújo, o relações públicas Marlon Botão e o militante da CNB Marlon Henrique somam a vários companheiros e companheiras alinhados à candidatura do campo democrático no Maranhão.

É Flavio Dino governador, em aliança com o PT, conforme decisão tática do encontro que teve a participação de petistas de todo o Maranhão.

Outras iniciativas de vários agrupamentos do campo democrático-popular também defendem o resultado do Encontro de Tática Eleitoral e o respeito à decisão já tomada pelo PT.Porém, o grupo derrotado no encontro, sob a liderança do suplente de deputado federal Washington Oliveira, tenta agora atropelar a decisão do partido e entregar a estrela petista ao PMDB de Roseana Sarney.

Domingo à tarde, Oliveira reuniu alguns correligionários e apresentou à governadora Roseana um suposto manifesto no qual assegura a aliança do PT com o PMDB.O factóide de domingo foi planejado e combinado para gerar uma crise no partido e empurrar a decisão do PT maranhense para a direção nacional, em parte afinada com os interesses de Sarney.

Além disso, o suplente Oliveira tenta ainda inviabilizar o novo encontro para a definição de candidaturas proporcionais do PT, marcado para este final de semana (21 e 22 de maio).Trata-se de uma das mais sórdidas e inescrupulosas manobras já realizadas na fauna petista maranhense.

Tudo orquestrado para inviabilizar a candidatura de Flávio Dino ao Governo do Maranhão e assegurar um cenário favorável à reeleição de Roseana Sarney.Os petistas alinhados à candidatura de Flavio Dino devem ficar atentos e participar do encontro deste final de semana, que vai homologar a aliança e definir as candidaturas proporcionais.

Não ao golpe

A pré-candidatura ao Governo do Estado

A pré-candidatura ao Governo do Estado
Todas as reuniões sobre programa de governo previstas para o final de semana foram realizadas, com grande sucesso. Estive em Imperatriz, Açailândia, Grajaú, Barra do Corda, Presidente Dutra, Santa Inês e São Mateus. Reunimos milhares de pessoas e recebi muitas sugestões, inclusive mediante documentos escritos.

Temos 80% da militância petista conosco, talvez mais. Vencemos legitimamente o Encontro realizado em março. Assim, defendemos mais do que uma posição política; defendemos também um método para uma saudável relação entre aliados: o respeito às regras do jogo.

Nacionalmente, estamos apresentando os nossos argumentos. Lembramos, por exemplo, que em 2006 o PT do Maranhão pôde se aliar ao PSB e ao PCdoB. O que mudou desde então ?

De todo modo, o destino do PT é um assunto a ser resolvido pelos petistas. No Maranhão, já decidiram a nosso favor. Não valeu ? Por que ?

A vida segue. E avançamos muito, mesmo que existam algumas pedras no meio do caminho.

Estamos fazendo a nossa parte. Isso é o mais importante. Andar de cabeça erguida, ser coerente, não se envergonhar, dormir tranquilo. Hoje alguns amigos queridos não sabem o que é isso. Lamento por eles. Há coisas que não têm preço...

terça-feira, 11 de maio de 2010

CNE aprova diretrizes Básicas para funcionários de escolas

O Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou por unanimidade as Diretrizes Básicas de Carreira para funcionários de escolas. “O documento é um passo importante para o reconhecimento de que esses servidores cumprem um papel de destaque também no processo e ato educativo”, explicou Maria Izabel Azevedo Noronha, conselheira do CNE e presidente da Apeoesp.


O documento amplia o sentido de educação em todo o contexto escolar. As diretrizes básicas definem, por exemplo, que há uma intencionalidade educativa quando uma merendeira prepara as refeições. “Não é um ato isolado. Quando ela prepara a comida ela aplica noções de nutrição, conhece a função dos alimentos que são feitos com algum propósito”, afirmou Izabel.

As Diretrizes Básicas deixam clara ainda a obrigatoriedade dos estados em disponibilizarem concursos públicos para a carreira de funcionário de escola pública básica e que esse têm direito a formação adequada e continuada.

“O CNE não tem força de lei, mas dá condições e patamar para superar, por exemplo, o processo de terceirização da mão de obra nos estados e municípios”, explicou José Waldivino de Moraes, secretário adjunto de políticas sindicais da CNTE.

Ele explicou que o documento aprovado pelo CNE dá um prazo de dez anos para que todos os estados e municípios superem as contratações temporárias ou terceirizados.

A terceirização dos funcionários de escola tem sido um dos maiores problemas apontados pelos educadores em instituições de ensino público. “Equivale à privatização do espaço do estado”, avalia Izabel.

Ela destaca que a terceirização traz intrínseco o problema da ‘falta de compromisso’. Isso porque um funcionário contratado por uma empresa, terá menos engajamento com o Projeto Político Pedagógico da escola e a sua obrigação passa era, primeiro, prestar contas para a contratante.

A aprovação da Diretrizes Básicas na prática vai orientar os estados a adotarem práticas de valorização e formação do funcionário público de escolas. Ela abre caminho e reforça também a necessidade de o Congresso Nacional aprovar o Projeto de Lei, do deputado Carlos Abcalil, que trata do tema.

“Eu acho que a implementação das diretrizes fortalece e soma-se ao Projeto de Lei por isso precisamos aprová-lo o mais rapidamente possível”, avalia Waldivino.

Maria Izabel recorda que o ensino fundamental de nove anos foi primeiramente aprovado pelo CNE e depois virou Lei. “Acho que a aprovação das diretrizes para funcionários também deverá ter o mesmo destino”, conclui Izabel.

Fonte: CNTE, 06/05/2010.

POEMA

Vinicius de Moraes: Poema da noite
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No teu branco seio eu choro.
Minhas lágrimas descem pelo teu ventre
E se embebedam do perfume do teu sexo.
Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado
Confuso, criança para te conter!
Oh, não feches os teus braços sobre a minha tristeza não!
Ah, não abandones a tua boca à minha inocência, não!
Homem sou belo
Macho sou forte, poeta sou altíssimo
E só a pureza me ama e ela é em mim uma cidade e tem mil e uma portas.
Ai! teus cabelos recendem à flor da murta
Melhor seria morrer ou ver-te morta
E nunca, nunca poder te tocar!
Mas, fauno, sinto o vento do mar roçar-me os braços
Anjo, sinto o calor do vento nas espumas
Passarinho, sinto o ninho nos teus pêlos...
Correi, correi, ó lágrimas saudosas
Afogai-me, tirai-me deste tempo
Levai-me para o campo das estrelas
Entregai-me depressa à lua cheia
Dai-me o poder vagaroso do soneto, dai-me a iluminação das odes, dai-me o [cântico dos cânticos
Que eu não posso mais, ai!
Que esta mulher me devora!
Que eu quero fugir, quero a minha mãezinha quero o colo de Nossa Senhora!

Poema extraído do livro Vinicius de Moraes — Poesia completa e Prosa, Editora Nova Aguillar — Rio de Janeiro, 1998, pág. 262.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Sinproesemma esclarece sobre licenciamento de diretor


Por: SINPROESEMMAData de Publicação: 5 de maio de 2010

Diante do pedido de licença do seu primeiro vice-presidente, Fernando Silva, para composição da equipe do atual secretário de Estado da Educação, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Maranhão (Sinproesemma) vem a público:Comunicar que o pedido de licença do vice-presidente Fernando Silva foi apresentado oficialmente ao Sinproesemma no dia 27 de abril em reunião da Diretoria Executiva, cumprindo o que determina o artigo 93 do Estatuto da entidade: “não poderão candidatar-se ou exercer cargos eletivos das instâncias deliberativas do Sinproesemma, sócios que exerçam cargos de confiança dos governos estadual ou municipais”;Informar que a assunção de Fernando Silva a cargo de auxiliar na equipe do atual Secretário de Educação, Anselmo Raposo, se deu por decisão individual e do grupo político-partidário do PT a que o diretor é vinculado e que por interesses específicos passou a integrar o governo Roseana Sarney (PMDB); Esclarecer que a participação de Fernando Silva como secretário-adjunto de Educação não implica em aval ou compromisso do Sinproesemma com as decisões políticas e administrativas do governo Roseana Sarney;Anunciar que o Sinproesemma continuará na luta pela construção de um Estatuto do Educador, democrático e inclusivo, e por eleições diretas para diretor de escola, entre outras questões, sempre de forma autônoma e independente quanto a qualquer governo instituído. São Luís, 4 de maio de 2010 Júlio PinheiroPresidente

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O anti-Lula de Serra: sua verdadeira política econômica

O anti-Lula de Serra: sua verdadeira política econômica
Serra ficou furioso. Sua equipe econômica deu entrevista à agência Reuters e abriu o jogo, revelando o plano econômico real que, caso ganhasse o tucano, colocaria em prática, confirmando os principais neoliberais de Serra – os mesmos que orientaram seu governo em São Paulo. Serra esbravejou, esperneou, distribuiu broncas, ordenou que ninguém repercutisse nos partidos da imprensa. Mas já era tarde.A primeira medida econômica de Serra seria um duro ajuste fiscal – como é típico dos governos neoliberais. Segundo revelado por dois membros da equipe econômica tucana, se promoveria a renegociação de contratos e o corte de despesas públicas – conforme o modelo do FMI. Esse seria o começo do “choque de gestão”, típico das gestões tucanas.“Ele vai entrar com medidas fiscais e até renegociação de alguns contratos”, disse a fonte tucana.”As despesas da máquina pública estão sob um controle muito frouxo...”Critica-se o aumento das despesas públicas, uma suposta queda na arrecadação e as desonerações feitas para resistir aos efeitos da crise mundial. Anuncia que estão vigilantes sobre a cotação do real frente ao dólar. O papel dos bancos públicos seria “relativizado”, de forma coerente com a privatização do Banespa, vendido ao banco espanhol Santander, assim como a colocação à venda da Nossa Caixa que, felizmente, foi resgatada pelo Banco do Brasil. Assim, São Paulo, o estado mais rico do país, não tem mais nenhum banco público, o candidato tucano preferiu liquidar o patrimônio para fazer estradas, que aparecem muito mais do que financiamentos subsidiados para casa própria, por exemplo, como faz o governo federal. “Relativizado” significa baixo perfil, Estado mínimo, conforme o receituário neoliberal, para que os bancos privados possam ser absolutizados, possam ocupar mais espaço ainda.Diz o tucano, na entrevista a Reuters, que o fortalecimento dos bancos públicos contribuiria para “aumentar a pressão inflacionária, ao aquecer em demasia a atividade” (sic), preocupação prioritária dos neoliberais, que não aprendem com o governo Lula que se pode – e se deve – aumentar os salários e diminuir as taxas de juros que, em um marco de crescimento com distribuição de renda, não apresentam riscos inflacionários. “Não acho que os bancos públicos precisam ter uma política tão protagonista (sic) neste pós-crise”, afirma a fonte, de forma coerente.“Uma atuação menos arrojada, inclusive, poderia ser um dos caminhos para evitar a alta das taxas de juros a fim de controlar a inflação e as expectativas de preços”, comenta Reuters, a partir da conversa com membros da equipe econômica tucana.A equipe serrista considera exagerados os estímulos fiscais dados pelo governo Lula durante a crise. “Não precisava dar para toda a linha branca e depois para móveis...” Parece que seguem acreditando que o próprio mercado tem mecanismos próprios de reativação econômica.Apostam pouco na concretização de reformas como a tributária, em que o interesse seria apenas o de desonerar investimentos e folha de pagamento, sem nada que apontasse para uma estrutura tributária em que “quem ganha mais, paga mais”, como seria socialmente justo.Então, a surpresa que Serra esconde é similar à de Carlos Menem e à de Carlos Andrés Perez: um grande pacote de ajuste, escondido sob o disfarce de um “choque de gestão”, tão a gosto do neoliberalismo tucano.
Postado por Emir Sader às 09:52

Dia do Trabalhador é marcado por festa, jogos e ato político

Dia do Trabalhador é marcado por festa, jogos e ato político

Por: SINPROESEMMAData de Publicação: 3 de maio de 2010

Jogos, pagode e ato político movimentaram o Dia do Trabalhador promovido pelo Sinproesemma, em sua sede social (Laranjal), Estrada de Ribamar. As atividades desportivas que integraram a 1ª Olimpíada do Trabalhador tiveram início logo cedo, quando associados da ativa e aposentados, participaram da sessão de hidroginástica monitorados pelo professor e Secretário de Esportes do Sinproesemma, Alexandre Magno, que também coordenou a Olimpíada.Na seqüência foi iniciado o torneio futebolístico com a participação de 12 equipes – cada jogo, com o tempo de 20 minutos de competição. Na parte da tarde, o Sinproesemma inovou com o campeonato de dama e xadrez. Ambas as modalidades contaram com o apoio e presença de suas respectivas Federações.Convidado especial, José Maria (Zezinho), campeão brasileiro em jogos de dama, fez uma simultânea com dez jogadores. Zezinho foi campeão por nove vezes em campeonatos realizados em todo o Brasil.“É uma satisfação fazer parte desta diretoria como secretário de Esportes e oferecer aos associados e família momentos de lazer. A diretoria do Sinproesemma não tem medido esforços para dar uma boa acolhida aos associados”, disse Alexandre, destacando a oportunidade de promover a 1ª Olimpíada do Trabalhador.ATO POLÍTICOTambém esteve por lá o pré-candidato ao governo do Estado, o deputado federal Flávio Dino (PCdoB). Dino encontrava-se acompanhado de sua equipe. Cumprimentou a todos os presentes e participou, a convite da direção, de ato político realizado no local.O deputado federal falou, na ocasião, que não poderia deixar de cumprimentar os trabalhadores naquele que é o dia mais importante para todos. Disse estar cumprindo o seu papel no Congresso Nacional, que é defendendo os direitos dos trabalhadores.Lembrou da importância da luta do Sinproesemma e garantiu que o Maranhão não merece o atraso social que ora vive. “Em nome do meu trabalho lá em Brasília é que estou parabenizando você, trabalhador, e toda a sua família”, ressaltou.O presidente do Sinproesemma, Júlio Pinheiro, disse ser o 1º de maio, um dia especial, por relembrar grandes batalhas e lutas dos trabalhadores. “As organizações sindicais, não só relembram como reforçam o desejo e o momento de renovação deste espírito de combate”, afirmou ele, destacando a importância de cada educador, neste momento em que se busca a garantia da educação de qualidade. O Secretário de Comunicação do Sinproesemma e presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Júlio Guterres, lembrou que o momento político exige a união dos trabalhadores. Guterres citou a implantação do novo Estatuto e do apoio a um pré-candidato que defenda os direitos da categoria.“No nosso estado, precisamos discutir a necessidade de mudança. Nós da CTB temos que apresentar a candidatura de Flávio Dino como alternativa para o povo maranhense. E este dia (1º de maio), é de reflexão para que rumo que iremos trilhar no Estado”, finalizou. *Fotos: NIlton Santos

Colômbia: O país mais perigoso do mundo para sindicalistas

Em 11 de abril de 2010, foi assassinado Henry Ramírez Daza, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Bebidas Alcoólicas - Sintrabecólicas. Um sicário deu-lhe um tiro na cabeça enquanto assistia televisão junto de seu filho, em sua residência da cidadela Comfenalco na capital do departamento de El Tolima. Por Luis Alberto Vanegas*O criminoso fugiu a pé e, em posteriormente, abordou um veículo, de acordo com informações fornecidas por dirigentes do sindicato Sintrabecólicas. Henry Ramirez foi um destacado líder sindical, social e político, o último cargo que exerceu foi vereador do município de Ambalema, em El Tolima e pretendia concorrer a prefeito desta mesma cidade.Esse fato novo se soma aos 2.742 sindicalistas assassinados na Colômbia desde o ano de 1986, genocídio que o governo tenta desvirtuar e o que consegue é transformar os companheiros novamente em vitimas, ao dizer que os telefones celulares não estão relacionados com o trabalho sindical e social dos que foram assassinados. O que o governo está procurando é desmentir que, na Colômbia, existe violência antisindical. Como explicar, então, que, nos acontecimentos de 2010, doze companheiros e companheiras tenham perdido suas vidas - entre os quais o companheiro Henry Moya, assassinado em El Tolima, organizador do Sindicato Astracatol, de Fensuagro, Javier Cárdena Gil, da Associação de Areeiros de El Quindio, Miyer Garcés, de Asoinca, e Israel Verona, de ACA Arauca, entre outros. Devemos denunciar que a crise humanitária está crescendo em meio a uma impunidade de 98% e o envolvimento de agentes de alto nível do Estado no assassinato e na violação dos direitos humanos dos trabalhadores e sindicalistas colombianos.Nos diversos escândalos que vêm sendo conhecidos e que estão vinculados ao governo de Álvaro Uribe Vélez, destacamos o denunciado pelo jornal El Espectador, no dia 15 de abril, que informa como “o DAS (Departramento Administrativo de Segurança) bisbilhotou os escritórios dos sindicalistas”.Os fatos são narrados nos depoimentos apresentados no julgamento de Jorge Noguera, nos quais se revela uma sinistra estratégia de espiões. O jornal disse que "um dos detetives, que foi encarregado de monitorar os sindicalistas, disse ao procurador que, em duas ou três ocasiões, foi incumbido de subtrair, clandestinamente, documentos dos sindicatos contendo informações sobre suas atividades... Disse que essa tarefa foi cumprida de forma eficiente com a colaboração de seguranças terceirizados... Mas outro dos detetives foi além e contou ao promotor que na Sub-diretoria de Análises da Direção Geral da DAS, nos anos 2004-2005, eram arquivados as folhas de vida de reconhecidos sindicalistas e de opositores do Executivo. Um deles foi justamente Correa de Andreis, um dos ”alvos de trabalho” do DAS. Um terceiro depoimento, de um detetive subordinado à Diretoria de Inteligência, descreve que, quando fazia parte de um dos grupos especiais de inteligência, que estavam sob a coordenação do já falecido coordenador do G-3, Jaime Fernando Ovalle Olaz, em 2004, se realizaram atividades de guerra política contra várias organizações. Essas organizações sofreram interceptação de correios eletrônicos, além de ter as linhas de telefone monitoradas. Os relatórios eram entregues diretamente ao diretor da agência, Jorge Aurélio Noguera Cotes".Agora entendemos porque o governo não fornece resultados sobre a questão da justiça e da verdade, sobre os autores intelectuais das violações aos direitos humanos contra o movimento sindical, como pode ser visto claramente no que se conhece do julgamento do ex-diretores do DAS. As ações ilegais beneficiavam aos superiores hierárquicos imediatos destes funcionários do Estado. Neste contexto, John Gossaín acaba de denunciar as diferentes operações criminosas realizadas contra juízes, sindicalistas e opositores, realizadas pelo Estado colombiano, as quais, em documentos conhecidos que provêm do DAS, levam o nome de “Operação Amazônia, Risaralda, Europa, Internet , Imprensa, Arauca, Intercâmbio, Halloween e operação Transmilênio”, e este jornalista, na sua denuncia, exige que se conheça a verdade de quem ordenou esta conspiração e ação terrorista do Estado.A profunda decomposição do regime que visa perpetuar-se a todo custo, encontrou um obstáculo na medida em que a verdade surge, Uribe começou a transição de seu mandato que termina em sete de agosto próximo, com um claro desgaste, isolamento, descrédito e a cada dia serão mais fortes as reivindicações das vítimas e das organizações atingidas, de exigir a verdade, justiça e reparação dos crimes de lesa-humanidade cometidos em nome da fascista “Segurança Democrática”.Este cenário é ainda agravado por diversos relatórios da comunidade internacional, que vem denunciado o ocorrido nos últimos oito anos. O recente relatório “Herdeiros dos Paramilitares” de Human Rights Watch, enfatiza o fracasso da chamada “Lei de Justiça e Paz” quando manifesta o aumento do número de vítimas em meio à crise que vive a Colômbia, na contramão dos relatórios preparados pelo governo, que dizem que a Colômbia é um país em desenvolvimento. A realidade mostra justamente o contrário, e o relatório destaca como cresce o deslocamento, o tráfico de drogas, assassinatos de sindicalistas, a revitimização das vítimas das AUC, e se esconde a verdade dos mentores intelectuais dos crimes e os vínculos e financiadores do paramilitarismo. Também aponta como o Estado delegou, na polícia de Carabineiros, o controle dos novos grupos e que, pelo contrário, as estruturas paramilitares estão se reorganizando e recrutando novos membros, transformando essa realidade na herança que deixa Uribe, após legalizar e conceder impunidade para os agressores.Da mesma forma, a CIDH – Comissão Interamericana de Direitos Humanos, apresentou um relatório em 2009. Diante do caso colombiano, mencionou os assassinatos extra-judiciais, reconhece que continua a se violar o direito à vida dos sindicalistas e, entre outras aspectos, nas suas conclusões, recomenda ao Estado colombiano, no item 8, adotar as medidas necessárias para proteger o trabalho dos defensores dos direitos humanos, líderes sindicais, sociais e jornalistas; prevenir a estigmatização e uso indevido de mecanismos de inteligência usados contra eles; e remover os fatores de risco que afetam o esclarecimento dos atos de violência, fustigamento e ameaças. Esta breve resenha exemplifica as preocupações do relatório da CIDH diante da persistente violação dos direitos humanos na Colômbia.É no meio dessa realidade crítica que fazemos o nosso trabalho sindical, num debate desigual porque nossos agressores não se importam em utilizar a mentira de mãos dadas com a violência. A CUT, que sofre com 87% das vítimas do movimento sindical, se prepara, em conjunto com a CTC e CTG, para participar na 99ª Conferência Anual da OIT, no mês de junho, onde exigiremos que o governo e os empresários colombianos sejam, novamente, sancionados por a Colômbia ser uma dos maiores violadores dos direitos trabalhistas e dos direitos humanos no mundo.Isto significa derrotar o trabalho de sabotagem desenvolvido pelo ex-dirigente sindical Angelino Garzón, enquanto representante do governo de Uribe diante da OIT, e que, em uma clara atuação como traidor da causa dos trabalhadores colombianos, buscou nesses cenários diplomáticos disfarçar e esconder o drama vivido pelos sindicalismo colombiano.Com nossa ajuda, buscamos denunciar como na Colômbia tem existido um plano sistemático de perseguição e destruição das organizações e dirigentes sindicais por parte dos empresários, com a ação permissiva, e em muitos casos criminal, de agentes do governo em nome do Estado.(*) Luis Alberto Vanegas é Diretor do Departamento de Direitos Humanos e Solidariedade; membro do Comitê Executivo da Central Unitária dos Trabalhadores da Colômbia (CUT).

Entrevista Tarso Genro - Lei da Anistia

“Decisão do STF é erro jurídico e deformação histórica”
“A decisão do STF rejeitando o pedido de revisão da Lei da Anistia revela que, se já alcançamos a maturidade da democracia política, ainda não nos livramos do medo da ditadura e da sombra asfixiante de seus algozes”. A afirmação é do ex-ministro da Justiça, Tarso Genro, que, em entrevista exclusiva à Carta Maior, classifica a decisão como um “erro jurídico e uma deformação histórica”. Para Tarso, o voto do relator Eros Grau repetiu argumento do jurista nazista Carl Schmitt, para quem em um estado de exceção, o Estado continua a existir enquanto o direito desaparece.
Marco Aurélio Weissheimer
Na avaliação do ex-ministro da Justiça, Tarso Genro, a decisão do Supremo Tribunal Federal rejeitando o pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) por uma revisão na Lei da Anistia representa um erro jurídico e uma grave deformação histórica. A OAB queria que o STF anulasse o perdão concedido a representantes do Estado (policiais e militares) acusados de praticar atos de tortura durante o regime militar. O pedido foi rejeitado por 7 votos a 2. “Uma das coisas que ela revela é que, se já alcançamos a maturidade da democracia política, ainda não nos livramos do medo da ditadura e da sombra asfixiante de seus algozes”, diz Tarso Genro, em entrevista exclusiva à Carta Maior.Em julho de 2008, durante a gestão de Tarso Genro, o Ministério da Justiça realizou uma audiência pública sobre os limites e possibilidades para a responsabilização jurídica de agentes públicos que cometeram crimes contra a humanidade durante períodos de exceção. Essa audiência pública gerou um movimento para a construção de uma nova cultura político-jurídica no país. Seu ápice foi a propositura da Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental pela OAB junto ao STF, com o objetivo de interpretar a lei brasileira de anistia de modo compatível com a Carta Magna e o direito internacional. Pela primeira vez, o Governo brasileiro tratou formal e oficialmente do tema.Para o ex-ministro da Justiça, “o ministro Eros Grau, que era conhecido como marxista, demonstrou que é um bom adepto de Carl Schmitt, para quem, em um estado de exceção, o Estado continua a existir enquanto o direito desaparece”.Qual a sua avaliação sobre a decisão do STF relativa à Lei de Anistia?Tarso Genro: Esta decisão do STF ainda vai mudar. Em outra decisão no futuro, deste mesmo tribunal. Uma das coisas que ela revela é que, se já alcançamos a maturidade da democracia política, ainda não nos livramos do medo da ditadura e da sombra asfixiante de seus algozes. A decisão insiste que uma conciliação entre os que comandaram os cárceres e os que estavam dentro dos cárceres é legítima para fundar o Estado de Direito.A partir da convicção de que a transição democrática veio pela “via” da conciliação, tanto os que se opuseram -politicamente ou pela resistência armada ao regime- como os que defenderam o regime cometendo, por exemplo, torturas por motivação política, estão abrangidos pela Lei de Anistia. Porque, no caso, a tortura, como integrada ao processo político, seria crime “conexo”. Esta é, de maneira, simples e direta, a conclusão do voto vencedor do Min. Eros Grau, que teve a oposição frontal e digna apenas dos Ministros Ayres Brito e Levandowski. Considerar passível de anistia política quem torturou, matou, estuprou, esquartejou -como fizeram com Davi Capistrano - e, assim, colocar num mesmo plano ético-moral, estes e os que resistiram ao regime militar, ou se insurgiram contra ele, e mesmo os que defendiam o regime porque acreditavam nele - inclusive usando a força, mas que não acreditavam que havia torturas, estupros ou assassinatos - é uma deformação histórica brutal. Em que sentido é uma deformação histórica? TG: O voto estabelece uma identidade total entre torturadores, resistentes, e também aprovadores do regime que jamais tiveram qualquer relação com as torturas, pois todos estão, pelo voto de Eros Grau, abrigados nas mesmas normas de anistia política. Esta é a conseqüência de considerar estes delitos como “conexos”.O método interpretativo usado pelo Relator é o seguinte, apesar de floreios e disfarces teóricos que constam no seu voto: há um conjunto de normas que trata do assunto, que remete para o texto constitucional. O que se precisa verificar é, apenas, se a palavra “conexos” pode vincular-se aos torturadores, ou seja, se aqueles agentes públicos que, responsáveis pelo cumprimento da legalidade do próprio regime, estavam agindo por motivação política, quando torturaram, mataram ou estupraram. Ora, prossegue o raciocínio do Relator, se estavam a serviço do regime, para defendê-lo, fizeram-no por motivação política, logo, estão abrangidos pelo regime da anistia. Não cogita, o raciocínio do Relator, de nenhum elemento valorativo e de nenhuma correspondência entre fins e meios. O ministro Eros Grau, que era conhecido como “marxista”, demonstrou que é um bom adepto de Carl Schmitt, para quem, em um estado de exceção, o Estado continua a existir enquanto o direito desaparece. Schmitt vê no estado de exceção precisamente o momento em que Estado e direito mostram sua irredutível diferença. O Estado persevera apesar do Direito. Esse é o ponto de Schmitt e parece ser também o que embasa o voto do relator.A conexão alegada pelo ministro consiste em situar todas as ações, de qualquer natureza, desde que políticas, durante o período abarcado pela lei de anistia, como anistiadas. O problema aí é que, se o direito se esgota na lei, como aparentemente o ministro afirma na interpretação que orienta seu voto, recorrer à intenção dos torturadores, enquanto supostas partes apoiadoras do regime operando dentro das regras da exceção que lhe são próprias, não faz qualquer sentido. Salvo, é claro, se o “poder soberano” defendido por Schmitt estiver a perseverar apesar do direito, ainda hoje. E salvo se era essa a intenção da lei de anistia, a saber, a de ratificar a ditadura soberana a perpetuar seus efeitos. A intenção da lei vale ou deve valer, em qualquer estado de direito; a intenção dos agentes de um regime não importa à lei, salvo quando se expressam como força, contra o direito. Alguns dos juízes que votaram contra a revisão da Lei da Anistia se referiram ao caráter político da ação dos agentes públicos acusados de tortura. Em que sentido é possível falar de uma “dimensão política” da prática de tortura?TG: Ora, se um agente público, cumprindo o seu dever formal de natureza funcional, mata alguém em combate, mesmo defendendo um regime injusto, não é possível inculpá-lo depois da queda do regime, pois seria exigir dele que tivesse um discernimento, num determinado contexto histórico, inexigível para a maioria dos cidadãos comuns. Obviamente, esta sim seria uma ação delituosa, perante os princípios da democracia, de pessoa sujeita às conexões políticas do estado ditatorial, mas dentro das regras do próprio regime. E se, no entanto, este mesmo agente, além de matar alguém em combate, profana o seu cadáver? É óbvio que a própria ditadura, se tiver lei penal em vigor, vai tratar este delito como delito comum. Na sua opinião, uma revisão da Lei da Anistia poderia abalar a estabilidade jurídica e política do país, que estaria baseada num “pacto de conciliação” firmado na transição da ditadura para a democracia? TG: O voto do Relator usou, para dar o benefício da aplicação da Lei de Anistia aos torturadores, o mesmo método interpretativo dos juizes na época do nazismo: o Direito é um jogo de formas, que se legitimam umas às outras, e elas são carentes de apreciação valorativa, por isso a lei não pode ser “revisada”, o que quer dizer simplesmente não pode ser interpretada fora do que atualmente se pensa que quiseram dizer à época. Aliás, insinuando de maneira totalmente manipulatória que os movimentos pela anistia também continham um pedido de perdão para os torturadores, o que é uma falsificação gritante. Todo o raciocínio se escora na existência de uma “conciliação” para a transição democrática, que redundou numa concessão da ditadura -concessão conquistada sob pressão política- mas que não teve força para ensejar uma ampla autoanistia, através de um diploma jurídico obscuro e obviamente aberto à interpretação. Ele, na verdade, insinuava um perdão absoluto, antecipado aos torturadores, pois os “subversivos” já tinham sido, muitos, presos, torturados ou mortos.O ministro Eros Grau poderia dizer no seu voto, mesmo julgando parcialmente improcedente a ação da OAB, que torturas, estupros, assassinatos em interrogatórios, esquartejamentos, jamais podem ser considerados como delitos políticos ou “conexos” a crimes políticos, ou seja, vinculados a eles, e isso não ofenderia nenhum militar -se é que era esse o seu temor- pois as Forças Armadas brasileiras não orientaram, como instituição, ninguém para torturar ou estuprar. Quando se pede o julgamento -não se pede que ninguém seja torturado ou morto- o que se quer é que estes agentes públicos sejam julgados e os seus atos sejam expostos publicamente como foram os atos dos “subversivos” julgados, aliás, diferentemente dos crimes dos torturadores, e muitos presos e torturados. Qual é a consequência dessa decisão para a luta pela anistia e pelo julgamento dos crimes cometidos durante a ditadura?TG: A idéia de regulação no Direito contemporâneo, moldada a partir do renascimento e passando pelo iluminismo revolucionário, nos diz o seguinte, como verdadeira centralidade do Estado de Direito e da democracia moderna, que não parece sensibilizar Eros Grau: nada pode ser acordado e executado no Estado que não possa ser acordado a partir de um contrato. Este é o fundamento da legitimidade do Estado, que foi violentada partir da decisão do Supremo. Ao sustentar que um contrato político anistiou também torturadores e estupradores o voto do Relator deslegitimou a luta pela anistia, que assim passou a alcançar também criminosos comuns.Gostaria de lembrar, por fim, que Nelson Mandela, quando estava no cárcere, negava-se a pedir para cessar a luta armada. Ele dizia que só faria isso quando estivesse solto. Uma vez solto, dialogou, negociou e fez a transição por meio da Comissão da Verdade e da Reconciliação, mas os assassinos reconheceram publicamente os tormentos que infligiram ao seu povo. Por essa razão, foi desnecessário que fossem para o cárcere.
Carta Maior